23.11.07

Sigam-me os bons

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É rei espanhol, presidente colombiano, Congresso brasileiro, nação estadunidense e mais uma penca de encrencas. Desde 2 de fevereiro de 1999, quando adentrou o Palácio Miraflores, Hugo Rafael Chávez Frías tem agitado os nervos de muita gente. Militar do Partido Socialista Unido, nasceu em Sabaneta, no estado de Barinas, – provavelmente nem os venezuelanos saibam direito onde isso fica – e já virou pauta de muita reunião internacional.

Com 53 de idade, Chávez calcula que ainda tem cerca de 25 anos para comandar o petróleo e a política nacional. A revolução socialista que promove está avançando e pode dar um salto em dez dias, quando a reforma constitucional será votada pelo povo. Ao todo, 36 artigos serão acrescentados e outros 33 modificados – a Constituição Bolivariana de 1999 tem, ao todo, 350 artigos.

Ex-aliados de Chávez e especialistas prevêem a vitória governista no referendo de 2 de dezembro, quando os venezuelanos dirão “sim” ou “não” à reeleição infinita, entre outras mudanças. Segundo a imprensa local, muita gente não quer aprovar nada, mas simpatiza com o presidente. Para não contrariá-lo, se absterão, beneficiando os defensores da reforma.

Quem visitou Cuba recentemente afirma que as fotos e faixas saudando Chávez são comuns nas ruas de Havana e no interior da ilha. Tenta-se prenunciar o destino da Venezuela e acelerar o processo de socialização.

Apesar dos avanços políticos, acredito que a popularidade do aspirante a déspota vem se definhando na proporção em que seu discurso se radicaliza. Além de Fidel, Morales, Ortega e Mahmoud Ahmadinejad, não há muita guarida.

Por fim, ele se transformou no “Chapolin das Américas”. Apesar da auto-imagem – que tenta reproduzir – de herói, divisor de riquezas e salvador dos pobres, as performances são desastrosas, com atitudes que evidenciam um desequilíbrio ideológico e emocional. Mesmo assim, tenta resistir em tom sóbrio e austero.

Já está flertando com o ridículo. Só os correligionários ouvem atentos. O resto do mundo encara como banais os gritos, os desentendimentos e ameaças. Bom para Bush, Uribe, Bachelet e também para Lula, que pode ganhar ainda mais espaço e popularidade com sua “política de equilíbrio” (em cima do muro).

2 comentários:

Augusto Paim disse...

Bem de direita o ponto de vista.

Gostei muito do título e da foto, muito bem escolhida.

Abração.

Augusto Paim disse...

Cara, tenho que te recomendar um livro em quadrinhos que vai ao encontro dos teus interesses jornalísticos. Chama-se Persépolis. São 4 volumes, escritos/desenhados pela iraniana Marjane Satrapi. É um livro de lembranças da autora, registrando a infância dela no Irã e a passagem dela pela Áustria. Te recomendo porque o livro é recheado de fatos político-históricos importantíssimos de se aprenderem (pouco acesso temos à história das guerras no Golfo Pérsico, ainda mais contadas de dentro), além de revelar uma cultura totalmente desmistificada. Deve ter na Cesma, tu pode ir lá, pegar um dos volumes de cada vez e sentar nas poltroninhas lá no fundo. Uma hora e meia, duas horas, tu mata cada volume. Eu fiz isso na Livraria Cultura em Porto Alegre.
Vale a pena.
Abração.