20.8.07

Chacais da solidariedade

.



O drama é enorme. Mortos, feridos, desabrigados, famintos, carentes de tudo o que se possa imaginar. Assim ficaram os habitantes do pedacinho do litoral peruano desmontado pelo terremoto da última quarta-feira. Entidades internacionais e outros países logo se dispuseram a ajudar. Quem pode mais deu dinheiro: Bento 16 abriu a mão e mandou US$ 200 mil, Bush liberou US$ 100 mil na primeira hora, os chineses US$ 300 mil, além de outros US$ 50 mil já enviados pela Cruz Vermelha. A ONU arrecadou US$ 1 milhão e a União Européia mais US$ 1,35 milhões para os peruanos. Os amigos mais pobres, como o Brasil, juntaram alimentos, cobertores, barracas, gente e o que mais tinham disponível para mandar à região atingida. Cinco dias depois do grande tremor, a ajuda humanitária já chega a 670 toneladas de suprimentos.

Parece que o mundo assumiu a responsabilidade de auxiliar o Peru, onde 60% da população são pobres. Entretanto, a comida, que chega de forma desordenada às vítimas, não vem investida só de amor e caridade. O caos instalado pelo abalo sísmico vem oportunizando a ação estratégica das forças políticas. Uma doação não deixa de ser demonstração de poder e superioridade. Mais: pode virar proselitismo. Hoje de manhã (segunda-feira) o presidente peruano, Alan Garcia, irritou-se ao saber que latas de alimentos estavam sendo entregues com etiquetas que identificam os doadores “Humala” e “Chávez” (presidente venezuelano). “Não é o momento de fazer propaganda eleitoral encima da tragédia humana. Deve-se levar ajuda sem lembretes”, frisou Garcia, que derrotou Ollanta Humala, em segundo turno, no ano passado.

Por aqui, o terremoto no departamento de Ica tem ocupado espaço em todos os veículos de comunicação de alcance nacional e regional. A tragédia parece estar sendo mais bem relatada pelos jornais impressos que pela televisão. Rodrigo Lopes, editor de Internacional de Zero Hora e enviado especial da RBS, vem publicando textos, em estilo quase literário, que emocionam pelos detalhes descritivos. A Folha de São Paulo mandou Raul Juste Lores, que situa muito bem o leitor, tanto histórica como geograficamente. As limitações de tempo na televisão parecem asfixiar as matérias da Globo. Ari Peixoto vem atropelando as palavras, quase sincopadas. Ademais, repete informações que os jornais impressos já publicaram há dois ou três dias.

O sítio na internet do jornal peruano El Comercio, editado em Lima, tem feito uma cobertura completa e em tempo real da catástrofe natural.




Foto: Televisa Internacional

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma das melhores coberturas sobre esta catástrofe foi a do jornalista Rodrigo Lopes, da Zero Hora. Ele apresenta um texto literário, com fortes descrições e um relato bem humanizado. Falando inclusive da sua própria impotência diante da tragédia.